Desenhar organizações é um dos desafios mais minimizados no planejamento de uma empresa. O conceito de desenhar que eu trago aqui é um pouco diferente dos processos que assumimos como prontos e conhecidos por todos. Todos os processos que conhecemos tem cara de linha de montagem, onde cada pessoa fica responsável por um pedaço de algo maior, que ela nem sempre chega a ver em funcionamento, seja porque é outro departamento que cuida do produto, seja porque entrega protótipos que são transformados em algo diferente em algum outro ponto do caminho.
A questão é que esse desenho de como a empresa vai funcionar tem muitas vertentes. A primeira delas é que uma empresa molda uma cultura e a cultura molda a empresa. Se este grupo de pessoas têm um único ideal, um propósito, a cultura vai usar essa ideia como estrela guia nas tomadas de decisão, quando as coisas já estiverem andando e será a régua para escolhas, quando da criação da organização.
Se pensarmos que estamos num momento de mundo onde temos que (temos que mesmo) diminuir o consumo de recursos naturais, escolher fornecedores que eles rezem pela mesma cartilha, cuidar das pessoas que trabalham e, consequentemente, de suas famílias, assim como do território onde atuamos, desenhar como iremos funcionar terá muito mais responsabilidades a serem atendidas, do que simplesmente produzir algo.
A pergunta mais importante é: qual é o valor que criamos e para quem? Se há pouco ou nenhum valor sendo criado para a comunidade local, ou se o valor é criado às custas da Natureza, então estamos deliberadamente construindo uma economia extrativa, ou pior, degenerativa. Novas empresas devem regenerar lugares, por isso devem criar novas formas de pensar produtos, jeitos de produzir e a relação da empresa com as pessoas.
Até o presente momento, as relações que conhecemos são hierárquicas e de muito comando-controle. Neste universo conhecido, existem também alguns mitos: meritocracia, você é empreendedor de si mesmo, você é uma máquina. Nem preciso dizer que nada disto é verdade e nem é algo bom. O burnout é a consequência mais visível, mas a depressão é mais insidiosa e má. Ela faz você ter pouco ânimo para aproveitar a vida de verdade, sem açúcar, café, álcool, ultra processados e medicamentos tarja preta, entre outras drogas. Estou falando de dormir um sono restaurador, comer uma comida que alimenta, ter tempo para planejar, pensar ou mesmo não pensar em nada.
A proposta que eu faço é de menos comando-controle e mais iniciativa de solução no lugar onde o problema aparece. Imagino que sua primeira reação seja: vai virar uma bagunça. Pode até ser que haja caos no início, mas o exercício da autonomia é possível em sociedades complexas como das abelhas, formigas, entre os muitos exemplos na Natureza. Se você pisar numa linha de formigas, vai desorganizar a produção por um tempo, mas muito rapidamente haverá a restauração da ordem. E claro, você vai tomar umas ferroadas das formigas-soldado e das trabalhadoras também. Elas são especializadas nas suas funções, mas se aparece uma situação emergencial, todas são capazes de preservar o grupo e o trabalho.
Lembro que um formigueiro não tem comando central. A formiga que ocupa o lugar de rainha fica colocando ovos, sua especialidade. Ela não comanda os diferentes grupos e tudo funciona. Todos sabem que estão trabalhando para garantir suas vidas e a das futuras gerações. São um grupo, uma comunidade com um propósito claro.
Nós estamos isolados by design. Estamos solitários, confusos e com dificuldade de conviver em grupo. Está na hora de mudar isso!
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